domingo, 17 de outubro de 2010

Visto meu corpo de gordo

Visto o meu corpo de gordo
Como armadura de um cavaleiro andante
Mas trago a agilidade do trapézio
No absurdo do meu salto.

Dias a fio desafio a física
Contrariando as leis da gravidade,
Já que a farta matéria que me cobre os ossos
Deveria me dar o ritmo das pedras.

Meu gesto é fácil e meu passo é voo.
Meu pulo é largo e espanta os tristes
E todos aqueles que, de medo,
Guardaram meus saltos no bolso da rotina.

Meu corpo livre, volumoso e leve
É como um traje espacial
E saio pelo espaço.

Não tenho tubos me ligando ao módulo
Mas já tive um cordão muito umbilical.

Eu sou o astronauta sem regime,
O Dom Quixote do carboidrato.

Jô Soares

Um comentário:

  1. hahahahaha
    Era pra rir?
    Não, não era...

    Mas Jô é um "corpulento" de humor igualmente farto
    E inteligência apetitosa...

    Bjs

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