segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Palhaços

Palhaços, segundo Dario Fo, pensador do teatro pós moderno, tem o papel de entreter o povo, expondo suas mazelas, fazendo o povo entender quais são seus erros por meio do humor. O humor, segundo Danilo Gentilli, do CQC, é fazer cócegas no nosso raciocínio, ou seja, fazer-nos pensar sobre alguma coisa.
Pois bem, demorei para criticar o Tiririca e sua investida na política. Assim como o matinho que dá seu nome, ele incomoda no meio da propaganda, fica pinicando na calça, difícil de tirar. Tiririca fica grudado na nossa cabeça, no nosso intelecto, nos convidando a pensar a política da forma como vem sendo feita nos últimos anos.
Sim. Nunca antes na história deste país tivemos tantas celebridades concorrendo a uma vaga seja onde for. Do senado às Assembléias Legislativas, o que mais temos são celebridades (não concordo com o termo "sub-celebridade", pois, desde que ser famoso virou uma forma de viver, criou-se uma nova categoria de profissionais, que insistem em ganhar seu dinheiro aparecendo em festas e sendo, simplesmente, famosos, por seus quinze minutos) querendo seu quinhão, seus ricos votinhos, seu espaço para ganhar dinheiro às nossas custas.
Tiririca é uma destas celebridades que quer nossos votos. Uma das pessoas que quer que o escolhamos para nos representar frente aos demais deputados de outros estados da união. Tiririca olha para nós e pergunta se sabemos o que um deputado faz e diz saber tanto quanto nós: nada.
Tiririca abre uma ferida com estas palavras. com sua ironia clara e absoluta, nada refinada, apenas abjeta, nos expõe a verdade por trás da historinha prá boi dormir que tem sido a política desde a abertura. Ele se aproveita de nossa letargia, nossa falta de vontade e nos fala sua verdade. Ele não sabe o que faz um deputado, não quer nem saber, alega que tem asessores para isso.
A ferida aberta pelo palhaço ecoa na mente de milhares de brasileiros que têm ao menos um resquício de consciência política. Causa revolta, indignação. Enquanto isso, aqueles que estão letárgicos, se refestelam com o pastelão de Tiririca, palhaço absoluto da política do Brasil, clown burlesco que nos mostra que política não é mais levada a sério, mesmo sendo o assunto mais sério que deveríamos tratar.
Precisamos acordar e entender que, enquanto os palhaços fazem a festa, quem está no centro do picadeiro, com o nariz pintado de vermelho somos nós, os verdadeiros bobos da côrte do rei eleito.

2 comentários:

  1. Não sei se já te comentei, mas sou de Belém- pa.
    Uma noite dessas, logo após os primeiros dias do horário politico, meu namorado, que está em SP, me disse da "palhaçada" encenada pelo Tiririca. Duas manhãs seguinte, não é que já rolava no meu trab um video baixado do youtube como a "capamanha" dele???
    Todos riam. E eu me perguntava: do que?
    Concordo contigo, Angelo, nem todos percebem mas a piada somos nós e não o Tiririca.
    O pior de tudo é que periga ele se eleger...porque há muitas formas de externalizar a instisfação e uma delas pode ser - p tantos eleitores - votar nele.
    Choremos, mas não de rir!!!

    Abraços,
    Mônica

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  2. Mônica
    Meu maior medo é que eles pensem justamente isso: que o Tiririca é voto de protesto, quando, na verdade, é voto de estagnação.

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