terça-feira, 20 de julho de 2010

visita à médica

Foi uma visita interessante à médica no outro dia. “você precisa parar de comer”, disse-me sem nem olhar no rosto. Ficou ali, no MSN enquanto eu digeria a informação. Me veio à mente que talvez nem aquilo eu devesse digerir, visto que a digestão era meu problema.

“Fechar a boca. Você só engorda por que come demais. É uma fórmula matemática”

Ela explicava como funcionava a fórmula, considerandoq eu talvez eu entendesse alguma coisa de nutrição. O simples fato de estar visitando uma endocrinologista já deveria mostrar que eu não sabia nada.

Falava rápido. Quase tão rápido quanto engordei. 25 kg em 3 anos. Uma taxa de quase 700 grama por mês. Os joelhos doem, o corpo incomoda, a respiração é mais difícil e umas misteriosas pontadas no coração resolveram aparecer. Fiquei preocupado.

Os ataques de ansiedade estavam cada vez mais freqüentes e, então, no final de agosto, resolvi marcar todos os médicos possíveis para fazer uma bateria completa de exames.
Só precisava, agora, me desfazer daquela mala que era a endócrino. Grossa, não olhava na minha cara, não queria que eu comesse absolutamente nada e apertou as minhas amígdalas achando estranho o inchaço de um lado.

Vamos fazer um ultrassom da sua tireóide.

Ultrassom não era uma palavra que eu pensei que fosse ouvir. Como dizia alguém, que não lembro quem, “odeio médicos por que eles descobrem as doenças que nunca imaginamos que tínhamos até procura-los”. Não queria encontrar uma nova enfermidade, só emagrecer e voltar às boas comigo mesmo.

Passou, também, uma dieta absoluta. Corta tudo de tudo. Sem doces, sem carnes pesadas, sem chocolates, etc. “você está transformando o meu mundo em algo tão infeliz...”, tive a ousadia de dizer.

Foi a primeira vez que ela olhou para minha cara.

“Então vai continuar gordo assim”.

Então ela começou a cuspir conceitos como um locutor de turfe cospe nomes de cavalos. Rápida e grosseira, não consegui entender quase nada do que falou. Pensei que, talvez, o atraso no atendimento já tivesse me deixado bravo com ela e que, só talvez, eu devesse dar ouvidos para o que ela estava falando. Porém, eu estava em um limbo perdido entre uma caixa de bis e um sonho recheado, amigos com quem não teria mais contato.

“Doces como bolachas recheadas, chocolates, danones, salgadinhos, de bar ou elma chips, batatas ruffles, amendoim doce ou salgado, tudo isso contém açúcar, que se transforma em gordura dentro de você”...

Só consegui separar isso. ela conseguiu transformar um dos meus maiores prazeres em culpa em apenas uma frase. Era como se eu estivesse criando um alien dentro de mim.

“Sonho, bomba de chocolate, trufas, barras de chocolate, brigadeiros, beijinhos, olhos de sogra, pé de moleque, bombom...”

A coisa tendia a se tornar a cada frase pior. Já não sabia o que fazer.

Hoje, dois dias depois, estou há dois dias sem doce. Minha paciência está curta, tenho dores de cabeça, o cansaço aumentou. Porém, comi duas maçãs agora de manhã. Uma às 8h e uma às 10h, para me preparar para o almoço, onde vou comer alface, tomate, agrião, rúcula e qualquer verdura que eu goste que esteja disponível. Ou seja: nenhuma.

Estou triste, mas ao mesmo tempo feliz. Sei que posso vencer este desafio e que as peculiaridades de minha nova dieta vão me acarretar uma melhora na qualidade de vida.

Agora, que eu poderia ter sido melhor tratado pela médica, ah, isso com certeza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário